Thaís Jardim
sexta-feira, janeiro 31, 2003
  Furos e foras
Pego a Folha de S.Paulo de hoje. O jornal está dobrado ao meio e meu olhar se fixa na foto de um prédio típico de classe média baixa. O prédio mais parece um queijo suíço, tantas são as marcas de bala. Mais cenas da violência no Rio de Janeiro, pensei. Qual não foi a minha surpresa quando abri o jornal e percebi o engano. A legenda da foto dizia: Combate sem fim. Prédio com perfurações de balas na faixa de Gaza, onde uma nova incursão israelense, a primeira depois da vitória de Ariel Sharon, deixou dois palestinos mortos.
 
quinta-feira, janeiro 30, 2003
  Salve Jorge!
Noite de show no Anfiteatro Pôr-do-Sol. Jorge Ben Jor se apresentando e eu chego bem na hora em que ele convida algumas mulheres da platéia para dançar no palco no embalo de Gostosa.

Assim não dá pra namorar
Assim não dá
Mas ela é gostosa


E as meninas no palco, rebolando, pulando, sambando. E o público, predominantemente masculino, babando, gritando, aplaudindo a cada rebolada de uma ou de outra.

Será que vale a pena tanto sacrifício
Será que vale a pena tanto compromisso
Gostosa, ela é gostosa


E Jorge Ben Jor elege a mais gostosa entre as gostosas, e ela recebe uma faixa, e ela sai desfilando pelo palco como se fosse a Miss Brasil. A platéia delira. E eu fico me perguntando: será que as feministas não estavam participando do Fórum Social Mundial?
 
quarta-feira, janeiro 29, 2003
  Crise de identidade
Esse blog está doente. Qualquer hora eu arrumo! 
terça-feira, janeiro 28, 2003
  Pôr-do-Sol
Uma multidão foi ao Anfiteatro Pôr-do-Sol só pra ver e ouvir o Presidente Lula. Eu também acompanhei todo o discurso, mas pelo rádio, presa no engarrafamento por quase uma hora. "Parou! Pensou! E chegou a essa conclusão! Pobre São Paulo! Oh oh Pobre Paulista! Oh oh". Inevitável pensar que o trânsito de Porto Alegre está piorando e, qualquer dia desses, também nós estaremos presos em engarrafamentos quilométricos. Mas por enquanto, engarrafamentos desse porte só acontecem quando tem algum evento importante, como shows, gre-nais e visitas presidenciais. Quando finalmente parei em um ponto relativamente próximo ao Anfiteatro Pôr-do-Sol, mais confusão. A avenida estava fechada e o público se acotovelava diante do cordão de isolamento para ver, mesmo que por apenas alguns segundos, o perfil do Presidente. E a cada carro que passava, a multidão se agitava. - Tarso, cadê o Lula?, gritou alguém, no exato momento em que eu me esmagava tentando passar entre os curiosos. Acabei desistindo de fazer o caminho aparentemente mais simples e me embrenhei pelo meio de um descampado. Foi assim que, uma hora e meia depois de ter saído de casa, eu consegui chegar a tempo de ver o pôr-do-sol com meus amigos.
O porto-alegrense realmente acredita que seu pôr-do-sol é o mais bonito do mundo, e como o Luis Fernando Veríssimo já escreveu, saber se colocar para assistir a ele é uma das artes da cidade. Nós e boa parte do mundo, literalmente, encontramos nosso lugar ao sol, ou melhor, diante dele. E o sol não decepcionou. Cliques, aplausos, abraços, integração. O sol nos aproximou da Aicha, uma francesa que quer se mudar para o Brasil. O sol nos aproximou do Haytham, marroquino, correspondente da TV Dubai. O sol nos fez acreditar que um mundo melhor é realmente possível. Mas logo vieram as pessoas revirando os lixos em busca de restos de comida, as gangues de assaltantes, a torta na cara, a ameaça de bomba e a violência policial em repressão à manifestação de um grupo de sem-roupas
sábado, janeiro 25, 2003
  Mais uma da série Histórias do Fórum
Mais de 70 mil pessoas na caminhada que saía do centro de Porto Alegre e terminava no Anfiteatro Pôr-do-Sol, local onde acontecem os shows da programação oficial do evento. Cada um segurava e defendia uma bandeira. Pela PAZ, pela causa Palestina, contra a ALCA, contra o Imperialismo, contra a degradação ambiental. Nós, que não tínhamos nenhuma causa específica, preferimos caminhas com a enorme delegação de Quebéc. 200 pessoas, segundo me informou o Mark, um funcionário do governo de Quebéc que eu conheci durante a caminhada. O Mark, assim como outros Quebecanos (ou seriam Quebequenses?) que conhecemos no caminho, me surpreendeu ao, depois de algum tempo de conversa, soltar o verbo em português. Segundo o Mark, há uma comunidade relativamente grande de brasileiros em Quebéc, e isso fez com que Português fosse incluído como matéria opcional.
Foi lá pela metade do trajeto que passou por nós uma mulher, puxando pela mão uma menina que deveria ter uns quatro ou cinco anos. Compenetrada, como quem acompanha uma aula, a menina aponta para o nosso grupo e pergunta:
- E esses aqui, mãe, são contra o quê?
 
quarta-feira, janeiro 22, 2003
  Histórias do Fórum
- Sou vegetariana, mas não deixo de provar um prato diferente só porque ele tem carne. Temos que estar abertos a novas experiências. É um dos preceitos fo Fórum, não é mesmo?
- Eu morei em Cuba por 20 anos...
- A minha palestra foi ótima. Foi no auditório.
Conversas cruzadas, conversas sem nexo. Estamos no Sierra Maestra, um bar de temática cubana, e eu me distraio vendo as fotografias. Quando volto a prestar atenção às pessoas que estão conosco na mesa, percebo que uma delas está falando e falando e falando com o olhar preso em mim. Estou perdida, não tenho nem noção sobre o que estamos monologando, mas aceno a cabeça e assumo a posição de quem está inteligentemente acompanhando o assunto. Começo a prestar atenção, tentando encontrar um gancho qualquer que me permita, ao final do monólogo, fazer qualquer tipo de comentário que satisfaça à minha interlocutora.
- E daí eu fico pensando que a menina de 17 anos, que está do outro lado do balcão da pastelaria e com a qual eu não consigo encontrar nenhum ponto de conexão, também tem o direito de gostar da Xuxa. Eu não posso julgá-la a partir dos meus valores. Eu não posso impor a minha verdade aos outros, porque a minha verdade não é absoluta. Nós somos seres raros. O normal é ser como ela, manipulada pela mídia.
Incluída por essa pessoa que mal me conhece no que ela denomina de grupo de seres raros, aqueles capazes de reconhecer uma tentativa de manipulação, aqueles que sabem o que significa subliminalidade, aqueles que entendem uma ironia, imediatamente assumo um ar blasé, que é pra combinar com todo esse status.
Minha resposta de oráculo, com um olhar enigmático: - É...

PS- aos tradutores voluntários do Fórum: interlocutor, em inglês, é interlocutor, a person who speaks in a dialogue. 
  Café do Lago
Os meus amigos sabem que eu adoro o Café do Lago. Fim de semana, final de tarde, ouvir MPB e tomar uma tacinha de champagne em um café situado à beira do lago que fica no meio da Redenção (Parque Farroupilha). É um momento tão perfeito que nem mesmo o péssimo atendimento do lugar consegue me irritar.
Ir a uma festa no Café do Lago também exige um nível máximo de tolerância. Dançar no deck, ao ar livre, cercado por árvores e tendo a lua e as estrelas como testemunhas silenciosas da nossa loucura. Mas ter que brigar para conseguir um copo de chope quente (e caro), esperar duas horas até que o garçom chegue e diga que houve um equívoco e o teu sanduíche aberto foi entregue em outra mesa, mas que daqui a mais meia-hora ele te serve e, além disso, ter que esperar meia-hora na fila do banheiro e mais meia-hora na fila pra pagar a conta é um grande exercício de paciência e tolerância. É claro que quando um cara tentou se infiltrar na frente do meu amigo pra pagar a conta e o dono do bar, que estava no caixa, aceitou, ele não se conteve e fez um escândalo. Não presenciei a cena, mas sei que a discussão chegou ao mais baixo nível, com o meu amigo e a namorada do infiltrado travando uma batalha de insultos do gênero "vai tomar no cú" "filho da puta" "vagabunda" e afins. A namorada do meu amigo, obviamente, não gostou muito da ceninha e o deixou de castigo ontem, preferindo sair com a turma da redação do jornal ao invés de se juntar a nós e um grupo de tradutores voluntários do Fórum Social Mundial. Mas essa já é outra história...
Voltando ao Café do Lago, hoje recebo o e-mail de uma amiga. Ela é produtora e organiza algumas das melhores festas de Porto Alegre. A festa no Café do Lago era pra comemorar o aniversário dela. Local confirmado, divulgação feita e os donos simplesmente marcaram outros eventos para a mesma data. Depois, disseram que a confirmação que ela recebeu por e-mail havia, na verdade, sido enviada por um hacker que invadiu o sistema deles. Ou seja, não estava nada confirmado e, se ela quisesse manter a festa, teria que alterar o horário. Depois, mais estresse para conseguir ter som na festa. E pra culminar, eles resolveram passar ela pra trás no acerto de contas. A idéia de comemorar o aniversário entre amigos, em um dos lugares mais bonitos da cidade, acabou se tornando um pesadelo digno de Freddy Kruger, Jason e Cia.
Quanto a mim... descobri que sou masoquista. Vou continuar indo ao Café do Lago pra ouvir MPB e tomar uma tacinha de champagne ao ar livre no fim de tarde. Vou conviver com a consciência pesada por estar traindo os meus princípios básicos de consumidora. Vou manter a minha quase-secreta e sempre otimista esperança de que, um dia, o Café do Lago faça jus à sua localização privilegiada.  
  Na falta de tempo e sem ter nada melhor pra postar mesmo, aí vai mais um daqueles testes... Esse é pra dizer que tipo de "beijoqueiro" você é.
juicy kisser



You Are A Juicy Kisser!


Your lips are totally kissable baby, and you know how to use them.

You are the perfect kisser - with the right combo of lips and tongue.

It's important to flaunt it, so kiss early and often on dates!




How Do *You* Kiss?

More Great Quizzes from Quiz Diva

 
segunda-feira, janeiro 20, 2003
  Trevas (ou a história de Jarth Febag, meu nome Jedi)
... jogou um manto negro sobre a pele negra. Uma angústia a impulsionava para fora. Para fora da escuridão de seus aposentos, para fora de si mesma, se possível. Não era possível. Ela sabia que só conseguiria ir até onde a corrente permitisse. Seus medos, sua insegurança e tantos outros elos difíceis de romper! De longe, acompanhou seus últimos movimentos. O trem já estava na estação. Ele não se virou, não olhou para o relógio. Apenas se abaixou para pegar as malas. Estava frio, mas Jarth Febag permaneceu ali ainda por alguns instantes, acompanhando o trem até que ele se perdesse no horizonte. São raros os momentos em que o sol encontra a lua. Quando a noite chega, o dia vai embora.
 
sexta-feira, janeiro 17, 2003
  Vida ao vivo
O despertador toca às 06 da manhã. Desalinhada e ainda sonolenta, saio tropeçando pelos móveis da casa para chegar até a cozinha e tomar o café da manhã, que não é nada mais, nada menos, que um simples copo de suco de laranja. Tomo banho, me arrumo e estou pronta para enfrentar mais um dia de trabalho. Ao sair do apartamento, dou uma olhada de canto de olho para a câmera do corredor que, vigilante, guarda as imagens de todos os que passaram por ali. Se alguém me atacasse no corredor do prédio, a câmera registraria tudo! Mas isso ainda não aconteceu. Ao invés disso, fico imaginando que, toda a vez que eu chego em casa de madrugada, tendo dificuldade de caminhar em linha reta e de encaixar a chave no buraco da fechadura, o porteiro deve estar vendo tudo e, provavelmente, morrendo de rir dessa cena tão patética. No dia seguinte, a câmera me encontrará de óculos escuros, pois nada como um bom disfarce para esconder a vergonha e manter o pouco de dignidade que resta. Mas hoje não precisei recorrer aos óculos. Espero o elevador com a terrível sensação de ter aquele olho eletrônico vidrado em mim. Bem que outro vizinho poderia sair no mesmo horário, pra dividir as atenções. Entro no elevador e não resisto ao apelo do espelho. Ajeito a saia, limpo o batom que está manchando um dos dentes da frente. No elevador também tem uma câmera. Só que essa fica escondida atrás do espelho, para ninguém notar. A princípio, foi colocada ali só para flagrar os vândalos que escreviam bobagens nas paredes do elevador. Depois, o condomínio resolveu mantê-la. O pior é quando eu quero dar aquela puxadinha básica na calcinha e no soutien. No início, ficava constrangida. Mas agora, praticamente esqueço que essa câmera existe. Além disso, outras pessoas fazem coisas bem piores no elevador. Desconfio que o porteiro já nem dê muita atenção para um simples ajeitar de lingerie, se é que alguma vez isso tenha sido objeto de interesse dele. Passo pela última câmera do condomínio e ganho a rua. Caminho duas quadras, passo por duas guaritas de segurança e aceno para os vigilantes. Um senhor passa por mim, em sua corrida matinal, e nos damos bom dia. Um pouco adiante, encontrarei com outro senhor. Ele trabalha em uma empresa de engenharia. Sei disso porque, um certo dia, ele me entregou dois bloquinhos de anotações. “Brinde da minha empresa.”, me disse sorridente. Já faz alguns dias que o negro, que passa sempre com a camisa aberta, desapareceu. Ele deve estar em férias. “O teu ônibus já está na esquina!”, me alertou o engenheiro. Apresso o passo. Será que os taxistas do ponto de táxi perceberam o meu atraso? Será que, ao me ver passar, eles pensam: “lá vem ela, a garota do ônibus das sete.” A mulher que cuida da van de cachorro-quente e dos espetinhos de carne – gato? - sorri para mim. O motorista me saúda animado. Hoje eu sou a primeira passageira a embarcar no ônibus da empresa. O ônibus da empresa é antigo, mas desde um seqüestro relâmpago que aconteceu no ano passado, quando eu estava em férias, está equipado com toda uma parafernália de segurança: uma câmera grava tudo o que acontece no interior do veículo, enquanto um dispositivo permite acompanhar sua trajetória. Chego na empresa às 08 horas, ponho o meu polegar esquerdo no visor de uma máquina que reconhece a minha digital e libera a roleta. Em 1998, a agência bancária interna foi assaltada e uma funcionária levou uma coronhada por ter esbarrado em um dos assaltantes no momento da fuga. Na época, a polícia desconfiou que algum funcionário da empresa tivesse colaborado com os assaltantes. Os assaltantes foram presos, mas nunca esclareceram esse fato. Lembro de olhar para todos os que entravam comigo no elevador e pensar se, por um acaso, aquela pessoa não seria o cúmplice misterioso dos assaltantes. Imagino quantas pessoas não olhavam para mim pensando exatamente a mesma coisa a meu respeito. Uma pessoa, entretanto, estava livre das suspeitas: a desastrada que esbarrou no assaltante e teve a cabeça cortada pela coronhada. Se bem que essa agressão poderia muito bem ter sido combinada para que ela, culpada, fosse imediatamente descartada da lista de suspeitos. Seja como for, no ano seguinte a empresa trocou o cartão-ponto por um sistema de identificação digital. Visitantes devem identificar-se na portaria, informando com quem querem falar e o motivo da visita. Em 30 segundos é preparado um crachá com a fotografia digital do visitante, que é tirada ali mesmo, na portaria do prédio. Há mais de 20 câmeras espalhadas pelo prédio, mas ninguém sabe ao certo aonde elas estão posicionadas, com exceção de uma meia-dúzia que ficam, propositalmente, à mostra. O controle e a manutenção dessas câmeras é feito por uma empresa terceirizada. Aliás, há poucos dias um vigilante foi suspenso por ter sido flagrado, por uma das câmeras, cochilando durante o expediente. Ao meio-dia, almoço no refeitório da empresa. O sistema é o famoso PF (prato feito), e o cardápio é elaborado por uma nutricionista. Às vezes, tenho vontade de perguntar aonde ela se formou, tamanho são os absurdos. Hoje é um desses dias: banana à milanesa, nuggets de frango, legumes empanados, batata frita, feijão, arroz e salada de alface e tomate. A ditadura do almoço. Uma pessoa tem o poder de decidir o que mil pessoas comerão. Isso é que é concentração de poder. Será que seria muito subversivo eu organizar um panelaço protestando contra a combinação de três pratos com farinha? Será que, depois de protestar contra a nutricionista e sua “cozinha” eu ainda poderia continuar freqüentando o refeitório tranqüilamente, sem medo de envenenamento? “Ela sempre foi uma excelente funcionária, mas organizou um protesto contra um intocável da empresa e hoje está, literalmente, comendo o pão que o diabo amassou.” Pensando bem, é melhor esquecer essa história de protesto. Até porque já está na hora de voltar para o meu cubículo. No meio da tarde, a monotonia de passar o dia lendo e analisando um projeto de reestruturação do setor foi quebrada pelo e-mail enviado por um colega. Era uma série de anedotas preconceituosas e de mau gosto. Que louco! Será que ele não sabe que todas as atividades na Internet e Intranet são monitoradas, inclusive os e-mails dos funcionários? No semestre passado, um funcionário foi demitido por estar acessando sites pornográficos. Cinco e meia. Desligo o computador, arrumo as coisas para o dia seguinte, pego a bolsa e caminho até o ponto do ônibus. O motorista é o mesmo que me traz pela manhã. Há dois anos, o motorista, eu e um grupo de colegas fazemos esse mesmo trajeto. Já não há segredos. Uma colega estava traindo o namorado com outro cara. Então, terminou com o namorado e começou a namorar o outro. Agora, está traindo o outro com o ex-namorado. Dois colegas se conheceram no ônibus, se aproximaram, passaram a conversar durante toda a viagem, depois, passaram a sentar juntos e logo estavam namorando. Agora, o namoro acabou e, ao que parece, as afinidades também. Cada um senta em um extremo do ônibus. Uma outra colega de ônibus é casada, tem três filhos pequenos e, nas horas livres, dedica-se a terapias alternativas. Freqüentemente ela indica um floral para alguém do grupo. “O teu problema é simples. É estresse combinado com ansiedade e baixa auto-estima. Deixa eu dar uma olhada aqui no livro. Ah, eu posso fazer um floral que combina essas ervas aqui, tá vendo... “ “Sabe aquele cara ali: ele é gay!”, entrega um dos colegas. “Ele estava no cinema, na fila de um desses filmes europeus.” “Ah, mas isso não quer dizer que ele seja gay.”, interrompeu uma outra colega. “Eu e meu marido, por exemplo, só vemos filmes europeus. Somos contra a indústria hollywoodiana, que vende o estilo de vida americano, o individualismo, o consumismo, o imperialismo!” “É, mas ele estava de mãos dadas com outro homem.” O motorista levou fotos para nos mostrar. O primeiro ônibus que ele dirigiu. A mulher dele na praia, de biquíni. Ele, na década de 70, com o cabelo comprido, um grande bigode negro e uma calça boca de sino cor de rosa. Desci no supermercado. Há alguns anos, a gente tinha que deixar a bolsa na entrada. E, mesmo assim, às vezes o gerente pedia para um funcionário ir, discretamente, nos vigiando. Eles sempre desconfiavam de adolescentes. E não era sem razão. Minhas amigas viviam roubando barrinhas de chocolate. Uma vez, uma foi flagrada roubando um batom nas Lojas Americanas. Ela foi conduzida até a gerência e levou uma bronca. Depois disso, perderam o medo de roubar. Sabiam que nada aconteceria a meninas de classe média, alunas de uma escola particular conceituada. Na pior das hipóteses, seriam encaminhadas ao gerente, levariam uma bronca, devolveriam ou pagariam pelo produto e o caso estaria encerrado. Não sei se isso mudou. Não sou mais adolescente e, até onde eu sei, nenhum dos meus amigos rouba miudezas em supermercado. Mas hoje, ninguém mais precisa deixar a bolsa na entrada. Os supermercados também aderiram às câmeras. O olho eletrônico está ali, onipresente, onisciente. Detesto perder tempo fazendo compras. Caminho até o corredor de vinhos, olho em todas as prateleiras, de cima a baixo, procuro, chamo o funcionário do supermercado. “Não, esse está em falta.” “Em falta!?”, me irrito. A câmera certamente registrou a minha indignação. Será que, além de registrar o momento em que um cliente furta algum produto qualquer, as câmeras também são usadas para analisar o comportamento do consumidor? Já não basta as operadoras de cartão de crédito pesquisando o meu hábito de compras e vendendo essa informação para comerciantes ávidos por conquistar novos clientes. Se eu pagar o motel com o cartão de crédito, quantas pessoas saberão a freqüência com que eu vou a motéis, os tipos de motéis que eu freqüento e sabe-se lá o que mais! Ah, pelo menos esse não seria o meu caso, pois jamais pagaria o motel com cartão de crédito ou cheque. Alguém me disse que na conta do cartão, ao invés de aparecer Motel Santa Cruz, R$ 60,00, a despesa aparece como Santa Cruz Alimentos S.A., R$ 60,00. O supermercado fica perto de casa. Aceno para o porteiro, corro para pegar o elevador, entro em casa, guardo as compras, tomo um copo de suco, pego a chave do carro e o celular e, enquanto desço até a garagem, falo com o meu possível-talvez-quem-sabe-futuro-namorado. Hoje eu não vou pra Academia, mas é por uma boa causa. Passo na casa do “pretê”, que não fica muito longe da minha, e vamos para o cinema. Não tem fila. “Sorria, você está sendo filmado”. É imperativo, uma ordem. Mas é claro que eu estou sorrindo. Afinal, as coisas estão indo bem, o relacionamento está evoluindo, a química está perfeita. É como se o universo estivesse a meu favor. É hoje! Eu tenho certeza que vai rolar alguma coisa. Olho pra ele. Ele me olha. “Dois ingressos, por favor”, digo sorrindo. Rapidamente, a atendente passa os ingressos e faz sinal para que o próximo da fila avance. Tudo bem. Ela não está sendo filmada e, portanto, não precisa sorrir. Duas horas de filme, alguns olhares cúmplices trocados entre nós dois de vez em quando. Durante o filme, ele pegou na minha mão e não largou mais. Agora, que o filme acabou, caminhamos lado a lado. Fazemos alguns comentários sobre o que vimos. Paro na frente da casa dele. “Amanhã estou indo viajar a trabalho, mas no domingo eu te busco para irmos ao parque”, ele diz. Tudo bem. Ainda não foi dessa vez. Mas continuo feliz. Ele pegou na minha mão! Isso quer dizer alguma coisa, não é mesmo? Com certeza, isso significa alguma coisa. Volto pra casa. O porteiro da garagem comenta que eu estou chegando cedo hoje. O porteiro da garagem controla os meus horários. Era só o que faltava, mesmo! No elevador, fico propositalmente de costas para a câmera de trás do espelho. Entro em casa correndo e bato a porta na cara, ou melhor, na lente da câmera do corredor. Tomo banho outra vez, me arrumo para dormir, entro no quarto e ligo a televisão. Está passando um desses reality shows da moda. Olhando esse programa é impossível não pensar que tem muita gente louca nesse mundo. Como é que essas doze pessoas conseguem viver ali, confinadas, sabendo que tudo o que fazem, cada passo, cada sussurro, está sendo controlado, vigiado, manipulado? 
  Eu não sou a Aline!
Sentada em um café, com minha mãe e meus tios (ou, como exigem os defensores das questões de gênero e do politicamente correto, com meu tio e minha tia), comento animadamente algumas tiras da Aline. Eis que vem à tona a seguinte observação:
- Tu gostas da Aline porque tu és a própria Aline! Vocês são muito parecidas, têm o mesmo estilo de vida.
Nunca me vi como uma Aline, mas antes de refutar, resolvi pensar um pouco mais sobre o assunto que, afinal, é de suma importância. Passados alguns dias, eis a resposta: eu definitivamente não sou a própria Aline porque 1) a Aline tem dois maridos, o Otto e o Pedro, e eu não tenho nem mesmo um único namorado; e 2) a Aline tem um caso com Jean-Pierre, o borracheiro-filósofo. Eu nunca tive caso com borracheiros (só com vendedor de cachorro-quente, entregador de gás, junkie profissional) e, infelizmente, a minha lista também não inclui filósofos.

Pra quem não conhece, tem algumas tirinhas da Aline no site do Adão Iturrusgarai. E por falar nele, reproduzo o texto dos quadrinhos publicados na Folhateen de segunda, 6 de janeiro:
Mulher procura...
- Mulher procura um homem que seja bonito, forte, mas sem ser muito musculoso... moreno de olhos verdes, alto, sensível... que goste de ir ao cinema, mas que não curta Hollywood... que goste de teatro, exposições de arte... que seja saudável e goste de ir à praia, que saiba cozinhar e curta um jantar à luz de velas... que seja romântico na hora de fazer sexo... que seja compreensivo com a TPM... que mande flores, que não esqueça datas importantes... aniversário, casamento...
- Esse anúncio vai lhe custar R$ 210!
- ... e que seja rico!
 
quinta-feira, janeiro 16, 2003
  Medo, um sentimento que mexe com o ser humano.
Tá na Primeira Impressão, a revista-laboratório do Curso de Jornalismo da Unisinos.

O resultado de decepções sofridas em relacionamentos com amigos, parentes, companheiros pode criar bloqueios que desencadeiam diversos tipos de medos. Entre eles, o medo de amar.

O psiquiatra Alessandro Peixoto diz que centenas de homens e mulheres não conseguem se envolver de verdade com outra pessoa (...) mesmo assim, não procuram ajuda.
 
  Ah... um teste bem babaca. Finalmente descobri como provar pra minha mãe, pro meu orientador e pro Tibúrcius Antércius (mestre e senhor da Legião da Má Vontade) que eu estou sofrendo de um bloqueio mental gravíssimo. E atenção, senhor fornecedor de fármacos, o estúpido teste abaixo prova que a interrupção dos serviços gera ansiedade.

beatin%20old%20women%20for%20pills
what's YOUR deepest secret?

brought to you by Quizilla
 
  Caminhos virtuais
Seguindo pelos links desse meu caminho virtual, vou chegando a textos bem escritos e traços marcantes.
Seguindo pelos links desse meu caminho virtual, sou levada a outros mundos, a outras idéias.
Seguir é descobrir, seguir é expandir.
É impossível parar, é impossivel voltar, é um caminho sem fim.
 
quarta-feira, janeiro 15, 2003
  Poned atención:
Un corazón solitario
no es un corazón.

Antonio Machado (1875-1939), poeta espanhol. 
terça-feira, janeiro 14, 2003
  Falta inspiração pra trabalhar. Falta inspiração pra estudar. Falta inspiração pra sair. Falta inspiração pra escrever.
A vida é muito sem graça sem inspiração. 
  No ar
A Consoante Muda (pop-rock internacional), a Consoante Muda Mix Brasil (pop-rock Brasil) e a Dissonância Muda(Jazz, Blues, Bossa Nova e MPB) ainda estão em construção, mas já estão no ar. Clique e ouça! Sugestões também são bem-vindas.
 
domingo, janeiro 12, 2003
  Eu fui ver O Filho da Noiva, Simplesmente Marta e Cidade de Deus, mas não escrevi sobre isso. Estou vendo A Casa das Sete Mulheres, mas só falei sobre isso em comentários de outros blogs. Mano Wladimir nasceu e eu não me interessei pelo assunto. Fui a muitas festas, a muitos lugares, encontrei muitas pessoas, conheci amigos virtuais. E não há nenhuma linha sobre isso. Decifra-me ou te devoro? Não, não sou nenhuma Esfinge. Não tentem me decifrar por um blog. Não tentem me conhecer pela pequena parte que eu mostro de mim. Lembrem-se do espelho. Sou complexa, sou reflexo. Sou tudo e não sou nada. Sou dicotomia, sou paradoxo, sou incoerência.
 
  Está quente lá fora, e aqui dentro também. O bar é interessante, tem proposta. Um ambiente diferente, música agradável e as mesmas pessoas que eu encontro nos mesmos lugares de sempre. Jornalistas, publicitários, cineastas, artistas, arquitetos, designers, biólogos. Não somos uma tribo. O que nos une é a vontade de fugir do convencional.
Cheguei tarde, mas fui a primeira a chegar. Mais uma vez estou sozinha em um bar. Mais uma vez, não me sinto mal por estar sozinha. Passa um conhecido e trocamos algumas palavras. Vem o garçom. Já nos conhecemos de outros bares... vida de RêBordosa é assim.
- Tu pediste o cardápio?
- Sim.
- Bem, o cardápio sou eu. Sou um cardápio de carne, osso, que sorri, que chora.
- Cardápio vivo! Xi, então tenho que cuidar pra não ferir os sentimentos do cardápio!
O garçom se vai. E eu? Estou esperando as esfihas, uma garrafa de champagne e algum veneno antimonotonia.
 
quinta-feira, janeiro 09, 2003
 

Pára-sail
Um dos pesadelos que eu tinha, quando criança, era o de estar caindo do 18º andar de um prédio. Um dia, minha mãe me convenceu que era possível controlar os pesadelos... Foi então que, em mais uma noite qualquer em que eu estava tendo esse pesadelo, um pára-quedas se abriu. Foi o fim desse pesadelo e o início de um sonho secreto: saltar de pára-quedas. Vira a página... vamos para 95. Eu trabalhava no Sistema RBS Rádios e nós produzimos um programa de esportes radicais para a Rede Atlântida. Foi aí que conheci o Álvaro e ele se tornou o meu instrutor de pára-quedismo. Impossível esquecer o meu primeiro salto, no aeroclube de Cachoeira do Sul. Eu era a única mulher de um grupo de cinco pessoas - dois alunos de salto-livre e três iniciantes. Passamos a manhã inteira em treinamento e à tarde chegou o momento de tomar a decisão: saltar ou não saltar. Põe o capacete, testa o fone de ouvido, ajusta a mochila do pára-quedas, treina a saída do avião, entra no avião, prende o cabo na mochila - para que o pára-quedas abra depois de cinco segundos. Frio na barriga... o avião decola. Ainda há tempo pra desistir. O primeiro pára-quedista salta. Mais alguns segundos.. e lá vai o segundo pára-quedista. Agora é a minha vez. O Álvaro me olha. Orgulho. Não tem mais volta... a única representante do sexo feminino não pode desistir. Tento sair, mas o vento está muito forte. O Álvaro me ajuda. Eu deveria me agarrar no montante, esperar a autorização do Álvaro e me soltar, fazendo a posição de salto que eu tinha treinado durante a manhã. Depois, pára-quedas aberto, eu tinha que olhar para cima e verificar se todas as células estavam infladas. Nada disso aconteceu. Fui levada pelo vento. Quando o pára-quedas abriu, eu lembrei de fazer a posição de salto. Quando eu já estava flutuando, lembrei de verificar as células. Fiz mais quatro saltos nos meses subseqüentes, dessa vez no aeroclube de Sapiranga, que é mais próximo a Porto Alegre e tem uma infra-estrutura melhor. O último salto foi emocionante, porque o vento estava muito forte e nós tínhamos que ficar mudando a posição do pára-quedas... descer alguns segundos de costas para o vento e, então, virar e descer mais alguns segundos de frente para o vento. Distraída com esse procedimento, eu me desorientei e esqueci de cuidar os pontos de referência para chegar no local de descida. Parece que o instrutor de pouso também esqueceu de mim e lá fui eu, descer em um tipo de pântano próximo ao aeroclube. De longe, enxerguei a correria. It's raining men. Eu e meu pára-quedas alugado fomos resgatados por três pára-quedistas da equipe. Vira a página novamente... final de 95. Dia de chuva, saio tarde da rádio, pego o meu passat branco e vou descendo o morro quando ouço uma batida. Perco o controle do carro, tento frear, cruzo a pista e bato de frente em um poste. Fico ali, parada, Olhando para o poste e tentando entender o que tinha acontecido. O carro é cercado por uma multidão em que se misturam pessoas prestativas e curiosos. Diante do olhar incrédulo de todos, saio do carro com apenas alguns arranhões. Olhares incrédulos sim, porque o carro estava totalmente destruído (alguns dias depois, o seguro confirmou: perda total do veículo). A dona de uma locadora me leva pra dentro da loja, me dá um copo d'água e oferece o telefone. O homem que acertou a lateral traseira do meu carro aparece para ver se estou bem e assume a responsabiliza pelo acidente. A polícia chega, faz a ocorrência e vai embora. Aos poucos, a multidão também se dispersa. Eu e meu pai, que chegou alguns minutos depois de receber o meu telefonema, tomamos o rumo de casa. Está tudo resolvido, a adrenalina baixa e eu posso respirar aliviada... Respirar? Começo a sentir dores por todo corpo, dor pra respirar... Respirar? Não consigo mais respirar! A noite cai e eu estou em um pronto-socorro lotado. Sou atendida, medicada e tenho que ficar em observação por um tempo. Como não tem leito disponível, fico em uma cadeira de rodas, no corredor, observando a rotina trágica de um hospital de pronto-socorro. A polícia carrega um homem baleado. Pela aparência, julgo que ele tenha sido baleado pelos próprios policiais. Também no corredor, mas em uma maca, um homem geme de dor. Meu olhar se volta pra ele, vejo as roupas manchadas de sangue, os curativos... Correria... e lá vem uma mulher, com queimaduras horríveis. O meu caso não era grave, mas teria que ficar uns meses sem saltar para não forçar a musculatura. Perdi o ritmo, os meses se tornaram anos e eu nunca mais saltei. Muitas páginas depois, chegamos à praia do Cassino nesse Natal de 2002. Todos esses anos, tenho vivido assombrada pela vontade de saltar de um avião, de estar novamente solta no ar, de flutuar. E vou saltado em sonhos. Foi aí que surgiu o pára-sail. Irresistível. Sou eu na foto... 

  Quinta no Osho
Como hoje é quinta, Dia Internacional do Pecado, vou sair da aula e encontrar com uns amigos no Osho, mais um lugar da Cidade Baixa que tem potencial pra se tornar bat-point. O bom é que GUM, Ossip, Mercatto D'Arte e Osho são muito próximos... fica fácil trocar de bar. Aliás, fica fácil ir aos quatro na mesma noite. hmmm...
 
terça-feira, janeiro 07, 2003
  Dois fragmentos de Florbela Espanca
"E se um dia hei de ser pó,cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar..."


"Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou."

 
segunda-feira, janeiro 06, 2003
  Lançamento
Estou terminando o release de um lançamento da Editora - Os paradoxos do imaginário, de Castor Bartolomé Ruiz. O problema é que começo a ler o livro, vou me entusiasmando pelo assunto, e esqueço completamente do meu objetivo inicial: escrever o tal release. Essa é a prova de que o livro acadêmico também pode prender o leitor, basta o assunto ser interessante (o que é muito subjetivo) e o livro ser bem escrito (o que também é subjetivo, pois envolve a questão do estilo, sobre a qual há muitas controvérsias). Segue um tira-gosto:

"Somos um ser de desejo. Desejo insaciável que a contingência do mundo não consegue preencher. Nossa sede de plenitude está sempre insatisfeita. Somos impulsionados pelo desejo e coagidos pela insatisfação. Enquanto o desejo nos abre para horizontes de busca, a insatisfação nos retrai para os limites do possível. Desejando o novo, perambulamos ansiosamente alargando fronteiras. Cada fronteira aberta ilumina novos horizontes de desejo, manifestando, por sua vez, a finitude do almejado; cada conquista realizada estabelece seus próprios limites. Nenhuma fronteira aparece como a última, nenhum limite é o definitivo. (...) Mesmo sabendo que perseguimos um impossível e que o desejo sempre se converte na sombra da nossa insatisfação, temos que abraçar o desejo como a força que nos impulsiona em busca de mundos possíveis e que viabiliza a possibilidade de criar nosso mundo."

"Não é possível realizar uma definição conceitual do ser humano, já que toda definição denota uma clausura de sentido. A pretensão de definir o humano mais do que sabedoria indica um desconhecimento profundo de quem somos. A pessoa não pode ser esgotada em explicações, teorias ou fórmulas. Ela é, por definição, indefinível; por princípio, resulta inapreensível; pela lógica, ela é inexplicável. Feliz ou infelizmente, nós não podemos explicar-nos." 
  Escrever (e postar)
Tá certo, eu sei que não escrevi sobre todas aquelas histórias de final de ano - o pára-sail, o kart, as histórias de restaurante. Mas lembrem-se que apesar de o ano ser novo, eu ainda não chutei o balde, não chutei o pau da barraca, e nem mandei tudo pro espaço. Tenho que estudar, ler um monte de livros (e dessa vez, não por prazer, mas por dever... que o diga a Clarice Lispector, há muito preterida - e esmagada - por toda uma pilha de livros de estudo de caso, análise gerencial, estratégia de negócios); trabalhar pra garantir o din-din que sustenta as viagens, festas e momentos de impulso consumista; e, claro, manter a minha vida social, sair e encontrar com os amigos pra tomar o álcool nosso de cada dia. Some-se a isso, ainda, a academia ao meio-dia e no final de tarde, que é uma forma de combater toda essa rotina de sedentarismo. Enquanto não me inspiro pra escrever, vou postando brevidades ou reproduzindo a palavra dos outros. E já que eu falei em reproduzir palavras e em Clarice Lispector: "... eu só escrevo quando eu quero, eu sou uma amadora e faço questão de continuar a ser amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo de escrever, ou então em relação ao outro. Agora, eu faço questão de não ser profissional, para manter minha liberdade."
 
sexta-feira, janeiro 03, 2003
  Finalmente terminei de construir o site do Dia Internacional do Pecado. Acho que ficou legal!
Estou me superando, hein Leo! 
quinta-feira, janeiro 02, 2003
  Eis sua Música Tribalista
Ok, finalmente resolvi criar a minha letra tribalista. Aí vai...

Menos e mais
Letra e Música: Thaís Jardim e Mundo Perfeito

Aportei em Bonito, Berlim
Dois mais dois é igual a mais
É hora de idiossincrasiar, hora de caetanear
Avistei um animal
Quero sevícias no sofazão superlativado

Bis

Lesera lubrificada lacerate me
É hora de idiossincrasiar, hora de caetanear
Sossega meu primo, oh yeah!
Sou menos e sou mais Mara-vilha
Sou eu e sou nós
Balanço bestializado, não brinque
É hora de idiossincrasiar, hora de caetanear

Repita 75 vezes até que alguém cometa suicídio.  
  Frases soltas (mas nem tanto)
Os limites da linguagem significam os limites do meu mundo. (Ludwig Wittgenstein)
Somos criaturas da linguagem. (Herder) 
  By the way... hoje é quinta!
Sim, hoje é o primeiro dia de pecado oficial de 2003.
(não confunda com pecado original, embora, como diz um amigo, "no es lo mismo, pero es igual").



Os selos do Dia Internacional do Pecado foram criados pela Ka, do Anything my mama don't like e do Galera de POA. Valeu, Ka!
 
  2003
Ano novo, vida nova
Mas por que as coisas parecem tão iguais a sempre?
A mesma cidade, a mesma casa, o mesmo escritório.
Tudo igual
... e o pinheiro continua torto. 
TEXTO DA SEMANA
Um texto, uma poesia, a letra de uma música. Os outros me marcam com palavras. Palavras registradas. Aqui.

ARCHIVES
outubro 2002 / novembro 2002 / dezembro 2002 / janeiro 2003 / fevereiro 2003 / março 2003 / abril 2003 / maio 2003 / junho 2003 / setembro 2003 / outubro 2003 / novembro 2003 / janeiro 2004 /

HOME:
E os meus textos estão aqui,
a um click de distância.
Thaís Jardim



Powered by Blogger